Relato de uma passagem de uma encarnação longínqua...
"Vós podeis me chamar de Roger¹,
vou relatar aqui de forma breve a maneira pela qual era concedido o título e a honra de ser um cavaleiro.
Vivi por volta do séc. XIII A.C, na região que se conhece hoje por Mar Egeu.
Numa época em que a honradez, retidão de caráter e hombridade eram a grande moeda e mais valiosa conquista, ser nomeado pelo rei, cavaleiro, era desejo de muitos e conquista de poucos.
Um cavaleiro jamais tinha sua palavra posta à prova, se ele dizia que foi assim, assim foi, não se duvidava em nada, da conduta desse homem, porque justamente o que acontecia antes dele se tornar cavaleiro, o 'teste' pelo qual ele passava mostrava justamente o quanto ele era digno de confiança, justo e honesto, em todos os sentidos da palavra.
O teste se aplicava aos candidatos da seguinte forma.
Previamente, sem seu conhecimento, se fazia uma longa e minuciosa investigação sobre a vida daquele a quem se pretendia oferecer o título de cavaleiro, eram averiguadas suas fraquezas, compulsões, medos, anseios, tudo que pudesse fazê-lo fraquejar, cair, mentir, enganar e ferir a si mesmo ou seja, tudo e qualquer coisa que pudesse ser o seu ponto fraco.
Sem o candidato saber que estava sendo avaliado, deveria ter sob seu cuidado por um certo período de tempo, algo que de alguma forma incluísse o objeto cujo impacto agisse como um tiro certeiro no âmago dos seus segredos mais profundos, aquilo que faria qualquer um fraquejar, o objeto a ser guardado o deveria ser até mesmo do seu guardador, pois entendia-se que se eu sou imbuído de guardar algo, não se me dá o direito de violar aquilo a que me foi confiado, daí a dificuldade do teste.
A partir do momento em que ele ficava a sós com suas fraquezas, infindáveis quantidades de ouro, bebidas, ou uma mulher em questão, ou qual fosse o objeto de sua fraqueza, dava-se início ao seu martírio, ele lutava contra si mesmo, da forma mais cruel, até vencer ou ser vencido. Proteger de tudo e todos, inclusive eu, ou me deixar levar? ... Seu tormento acabava somente quando ele decidisse que era hora de acabar, passando ou não pela prova, pela porta ele saía e a maneira como ele saía mostrava àqueles que o aguardavam o resultado do teste, através da sua forma de andar, dos seus olhos e do que eles traziam consigo, a alegria silenciosa da vitória interna ou do seu fracasso sobre o controle sobre si mesmo, nada era conferido dentro do cofre, nem uma moeda sequer, o candidato apenas, era quem trazia consigo o resultado do teste."
Relato a pedido do querido mestre Saint Germain.
🙏🙏🙏
¹nome usado no tempo relatado
Por Juliane