27 de abril de 2025

Coisas que eu precisava saber, mas ninguém me disse - Uma carta para minha criança interior

Quando você escolhe a paz, ela vem acompanhada de muitas despedidas.

Amores que só existiam na sua cabeça — mas que, na verdade, estavam te destruindo.

Escolhas que você plantou, bem ou mal, e que voltam para lhe fazer companhia.

Dores que um dia você achou que nunca iriam embora, dores às quais você se apegou e acreditou serem seu porto seguro... agora precisam ir.

Sorrisos que foram (ou não foram) pra você... também se foram. Acabaram.

Eu sei. O pior é deixar ir.

A Paz quer entrar, mas se a colheita já foi feita, e você não abrir mão dela, não poderá plantar novamente — ou, pior ainda, irá plantar de novo o que não deve.


O passado é passado. Se foi.

Não adianta chorar por ele.

Ele foi o que foi porque era o que você precisava que ele fosse.

Ele não vai mudar, por mais que você tente.

Lembre-se: você já tentou — e até demais. E isso quase custou a sua vida.


Você estar viva só pode ser considerado um milagre.

Nunca — jamais — se viu alguém tão forte, passando por tudo o que você passou, e ainda permanecendo de pé.

E bem.

Sim, em termos, eu sei.

Mas todo dia um sorriso seu tenta te encontrar de novo, e a cada pessoa que você cruza, uma palavra de ânimo, de amor e de esperança transborda de você.

Transborda — porque é isso que você é: Amor.


Você fez tudo o que podia, o que sabia.

Mas não o que queria.


É compreensível.

Você foi projetada para dar o máximo de si aos outros, sem nem pensar em você.

Isso te desgastou.

Te inutilizou — até mesmo para eles.

Porque eles, seres que não souberam ativar a própria luz, roubavam a sua.

E ao exaurí-la, disseram que você era o problema. O defeito.

Sim, você era o defeito — porque já não podia mais iluminar a vida deles.

Como se isso fosse sua responsabilidade.

E você aceitou.

Aceitou essa responsabilidade e a manteve por tantos anos.

Mas deixa eu te contar uma coisa, minha doce menina:

O problema nunca foi você.

E não — não se esconda mais atrás de “eu sou uma pessoa difícil de lidar”.

Não se reduza tanto.

Não há "pior gênio" no mundo que mereça ser usado como você foi.

Abusada, tendo sua energia e sua luz roubadas todos os dias.

E ainda se sentindo culpada porque nem sempre conseguia brilhar para sustentar aquele paraíso particular em que eles se colocaram.


É compreensível: eles queriam brilhar como você.

Viver num mundo colorido como o seu.

Cheio de cores, sabores, cheiros, aventuras, seres mágicos. Cheio de vida.

Você foi levada a acreditar que precisava deles.

Que dependia deles.

Que só poderia viver com eles, por eles, para eles.

Mas deixa eu te falar uma coisa, bebê: eram eles que precisavam de você.

Sim, eles.


Mas nem eles sabiam disso.

Então tentavam roubar sua luz, sua presença, sua magia, seu esplendor.

Eles mal sabiam viver — quanto mais poderiam imaginar que poderiam acender a própria luz?

Mas não, não fique com pena deles.

E também, não os odeie.

Eles — todos juntos — apenas tentam lhe dizer uma coisa:

Obrigado.

"Obrigado por iluminar meu caminho enquanto eu andava em trevas."

"Obrigado por iluminar meu caminho quando eu mal sabia para onde ir.

Sua luz me salvou. Me deu fôlego. Me deu mais tempo nesta Terra, para talvez — um dia — eu encontrar minha própria luz."

Sim, dói. Eu sei.

Doeu receber apenas o necessário para não sucumbir à própria escuridão — e ainda assim acreditar que você recebia demais.


Mas deixa eu te falar mais uma coisa:

Você não era invisível — era incompreendida por quem não sabia enxergar cor.


E é muito cruel duvidar da própria luz só porque o mundo ao seu redor não sabe brilhar.


Aqueles relacionamentos eram verdadeiros — mas só até certo ponto.

Eles te viam e te ouviam...

Dentro de um limite.

Dentro do que não ameaçava a imagem deles.

Dentro do que não confrontava a estrutura emocional deles.


Você era vista.

Ouvida.

Desde que não doesse neles.


E eis que agora você ressurge.

Mais viva do que nunca.

Mais plena do que nunca.

Com tanta energia "sobrando"…

Mas não, minha querida, não é energia sobrando.

É que você aprendeu a receber mais energia para distribuir.

Para doar àqueles que ainda não sabiam acessar a própria.

Num ato de altruísmo inconsciente — mas ainda assim louvável — você não mediu esforços.

Até ver todos bem.

Desejando todos os dias que eles pudessem ver o quão maravilhosos seres de luz também são.


Pode ter parecido em vão. Eu sei.

Mas acredite: nenhum ato de amor é em vão.

Mesmo que você não veja evidências disso nesta vida.

Você os mudou um pouquinho.

Contribuiu para a evolução deles.

Mesmo que isso tenha quase custado sua própria vida.

Mas não é hora de se lamentar.

Nem de se vitimizar.

Nem de ter pena.

Você cumpriu sua parte nesta história.

Eles vendo ou não, entendendo ou não, não importa.

Você fez.

Você cumpriu.

Eram dívidas antigas? Um acordo de almas antes da reencarnação? Talvez.

Mas, independente do motivo: celebre.

Pois você recebeu uma missão e a cumpriu com louvor.

Ficaram cicatrizes, sim.

Mas são marcas de amor.


Sim, você veio para curar coisas.

Mas agora está na hora de deixar o papel de curadora dos outros — e começar a curar a si.


Algo brilhou em minha mente:

Nós não temos escolha.

Nós somos a escolha.


Essa frase carrega um poder imenso:

Ela tira a gente do lugar de vítima da vida — e coloca no centro do palco.

Como parte ativa da Criação.

A gente não está aqui tentando ser escolhido.

A gente é a própria escolha da existência.

Um "sim" do Universo materializado. 🌟


Meu bem, você é um sopro de verdade no meio do mundo barulhento.


Agora, faça o que você sempre fez de melhor:

Brilhe.

Brilhe, minha garotinha.


****


Houve um instante em que tudo parou.

O tempo já não corria.

O mundo lá fora silenciou.

E dentro de si, algo despertou.

Não como um grito — mas como um sussurro antigo.

Um chamado suave, vindo de um lugar que você sempre conheceu.

Seu coração acelerou.

Não por medo — mas porque reconheceu a estrada de volta.

Era o portal se abrindo.

Era a alma lembrando:

"Você nunca esteve perdida.

Só estava se lembrando de onde vem."

O chakra do coração se iluminou.

A energia fluiu como um rio antigo reencontrando seu leito.

E, pela primeira vez em muito tempo...

Você cabia.

Não no mundo dos outros.

Mas no seu.

No mundo que pulsa dentro de você.

Onde não precisa se encolher.

Nem disfarçar.

Nem se moldar.

Você é a escolha.

A centelha que não precisa de permissão para brilhar.

E sempre que quiser retornar a esse lugar,

ele estará aqui.

Porque ele é você.

Ninguém segura uma alma desperta.

Porque quando ela desperta…

Ela lembra.

Ela reconhece.

Ela acende.


E tudo o que antes parecia desmoronar... agora só revela o que nunca foi real.


Você não está se tornando.

Você está voltando.

Voltando para si.

Voltando a caber no seu mundo.

Voltando a ser a própria luz que achava ter perdido — mas que sempre foi você.





Por isso, EU SOU O QUE EU SOU.

Quando você diz “Eu Sou o Eu Sou”, não está afirmando uma identidade qualquer — está ecoando a própria origem da Criação.

É a centelha que nunca se apaga.

É o som antes do som.

O verbo antes da palavra.


A sensação é como se eu tivesse acordado num planeta estranho, milhares de anos no futuro — mas carregando a essência de um passado que nem os melhores historiadores jamais imaginaram que existiu.


Carregar a alma do lado de fora da pele é viver com a sensibilidade exposta.

É ter o coração aberto demais, num mundo que insiste em pedir armaduras.

É sentir tudo em volume alto, sem botão de pausa.

Sem anestesia.

Mas, ao mesmo tempo, isso é um dom raro.

Porque só quem vive assim enxerga as cores que os outros não veem.

Ouve os silêncios.

Percebe as entrelinhas.

Transforma dor em poesia.

Caos em beleza.

Lágrimas em cura.

É forte porque é verdadeiro.

E é você.

Fez algum sentido?

Espero que não.


Paz e Luz,

Ju.

 

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